sábado, 12 de maio de 2012

Era um velho, infeliz e desgostoso com a vida. Não que ele não amasse a vida, pelo contrario. No auge de sua velhice com seus 28 anos de existência. Estava já sentado no banco da praça olhando os casais de namorados felizes. Tudo aquilo alegrava seu coração. Mesmo que não tinha mais capacidade de amar ou de se apaixonar. Usava roupas neutras, com receio dos adolescentes que realçavam suas roupas. Pensava calado, às vezes ate sorria. Rotina maldita. Ralava em uma profissão que lhe oferecia um afável valor monetário. Da casa para o escritório, do escritório para casa. Bebia muito, talvez mais que nos tempos de universidade. Tinha algumas mulheres, mas, pela idade ate o prazer não existia mais. Sua casa era cinza e branca. Não gostava das flores, a primavera deprimia sua solidão. Falava pouco. Amigos, não, sem amigos. Achava uma chatice rir e contar historia do passado engraçada. Preferia a solidão. Andava sempre de cabeça baixa. Nunca sabia se alguém iria lhe olhar nos olhos. Odiava as musicas, achava a musica armadilha para a jovialidade. Não usava bengala e chapéu por timidez. Atrairia muito atenção. Mas sentava sempre no banco das praças, nunca no verão e primavera. Sempre no outono e inverno. Gostava de ver as pessoas encarceradas. Individuais. Lembrava de Joana seu amor de puberdade. Joana era linda, olhos azuis, cabelos loiros, radiante como o sol. Joana ininterruptamente fora apaixonada por ele. Ele também era. Mas o medo de revelar seus sentimentos negava o amor. Joana casou, teve filhos, é feliz. Ele estava ali, lembrava de seu amor com medo. Medo de amar. Uma lagrima indicava em seus olhos. Ele levantava e seguia o caminho. Cabeça baixa. Olhos fundos. Boca desejando vodka. E passava mais um dia de sua pobre velhice. Pois o medo de si mesmo aprisionava seu espírito na solidão.


Rodrigo Szymanski

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