sábado, 22 de agosto de 2009

O chamado [1]

A vida às vezes parece confusa, e com peças a pregar. Desde criança, sempre estava nas atividades religiosas acompanhando minha mãe, e destas participar junto, pensava em ser eu, um vocacionado para a vida religiosa. Isso era cedo antes dos trezes anos de idade, mais assim se inicia um caminho.
Após fazer varios estágios, e acompanhamentos, entrei no seminário, era o ano de 1999, em uma congregação com o carisma o menor abandonado, um santo italiano rico, que deixa suas riquezas, mesmo tentado por seu tio de seguir os negócios da família, mas larga tudo e segue o trabalho com os menores com a vocação religiosa.
Sempre sonhava com isso, e no seminário foi que aprendi a viver em coletivo, ou melhor, em comunidade, pois assim era chamado. Éramos uma comunidade de 40 e poucos seminaristas de idade entre 13 e 16 anos, 3 padres, 2 irmãos, um frater, duas famílias que trabalhavam La, mais eram parte da comunidade. Ali foi que li aos 13 anos meu primeiro livro do Leonardo Boff, alias havia um irmão que possuía o sobrenome igual, Boff e dizia ele ser primo de algum grau. Foi ali que aprendi a dividir, a viver em, um mundo estranho com pessoas estranhas, a ser digamos “alto suficiente”, trabalhávamos todas as tardes em diferentes funções, da cozinha (lugar onde trabalhava, por ser o menor) a roça. Não um trabalho que acumulasse dinheiro, mais como valor de repartir. Estudávamos muito ( meu motivo de saída, por dificuldade, e ate fragilidade de saúde) eram longas horas de silencio para estudar. E o pior, ou melhor, os padres eram os professores, os colegas de quartos eram colegas de sala, a sala de aula ficava do lado do dormitório. Lembro-me da divisão que era feito entre o pessoal do sul (diocese de criciúma) e o pessoal do norte (diocese de tubarão), nas brincadeiras e guerra de toalhas molhadas, ah mais esta divisão se produzia também em cooperação entre os membros.
Mais foram as historias e relatos das vidas, dos religiosos que me impulsionavam, as missões, as periferias a entrega, a pobreza... Tudo isso junto com a vivencia de comunidade que tínhamos as brigas e acertos, os momentos de orações, missas, terços, tudo isso diariamente, me fizeram ver um mundo diferente...
Não fui religioso, mais aprendi muito com este ano de seminário, e uma frase de um padre “não importa se você será religioso, importa é você ser um leigo engajado”
Minhas experiências foram muito boas e produtivas... Guardo as lembranças de dias que não voltaram mais.
Aprendi muito com muitas pessoas que hoje não sei onde estão...
Mais a vida por ai não parou...
Continua...

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