quinta-feira, 20 de março de 2008

morte/vida de uma coisa


Ontem vi uma criança sem mãe
Ela brincava na rua com um sorriso de velório
Não sabia quem era, nem de onde vinha
Sua esperança era algumas moedas praguejadas
Seu sono era velado pela noite traiçoeira
Sua vida era mais lixo que vida
Dormia sobre o chão, coberto de papelão
Não sabia que o mundo ia lhe devorar
Já era mais uma criatura mastigada pela dor
Esperava a chegada de algo
Não sabia que era a morte que ia chegar sem ela esperar
Não sabia seu sobrenome
Não tinha um sobrenome
Era mais um verme vomitado pela sociedade
Esquecida pela burguesia
Que festejava na noite suas alegrias hipócritas
Suas felicidades eras a tristeza daquela/as crianças-coisas
Alguém gritou para abortar
Um ser já formado
É melhor matar antes que ela mate
Não sabia você que isso é sua culpa
A criança morre ou mata
E você assiste televisão
Ou então simplesmente celebras orgias
Nem sua boa vontade de cristão salvara esta coisa
Melhor que morra de uma vez
Assim podemos celebrar a vida com festas e alegrias
Mais se não morrer quem vai se entristecer ?
Ela não é nada.
A criança olhou para mim
Nada disse e voltou a dormir
Dormir sem medo de morrer
Pois naquela situação a vida não valia alguns tostões
Pensei em gritar por socorro
Mais algum me disse mais alto
cala-te
Se falares morrera
Voltei para minha hipocrisia
E segui para minha festa de burguesia


Rodrigo Szymanski

Um comentário:

Unknown disse...

Ola!!
Visitando seu novo Blog!!
Otimo fim de semana!!
Que Jesus Ressucite em seu coração!!
bjsxxx