domingo, 23 de março de 2008

Devorado


Vivo na espera de um milagre
Trabalhando de sol a sol
Pensando que se constrói felicidade com dinheiro
Imaginando um dia ser um explorador
Passar de chibatado para chibatador
Acreditando que sendo mais uma peça de engrenagem vou me tornar um motor
Pobre de mim, de minhas ilusões
Em acreditar que o capitalismo será meu parceiro
De sonhar com um banco cheio de dinheiro
Quem sabe ser mais um tio Patinhas
Que idiotice minha
Vou sofrer como um pobre boi no matadouro
Vão tirar meu couro
Vender minha carne
Tirar minhas entranhas
E para os urubus jogarem
Serei só mais um pobre animal indefeso
Treinado para caminhar ate o matadouro
Tapam meus olhos e dizem para acreditar no boiadeiro que vai me conduzir
Deram-me ate o direito de reproduzir
Fabricar crias para ser parafusos de engrenagem quem sabe um dia uma peça maior
Mais nunca um motor
Posso comer
Não muito senão vou me acomodar
E um vagabundo me tornar
Meu pai me falava
Vai estuda que assim sua vida vai muda
E com certeza mudou
Hoje sou um pobre intelectual
Sabendo que sou explorado
Lendo muito Marx e trabalhando como antes
Acreditando em uma revolução que não sei quem fará
Talvez eu ate participarei
Mais o capital ainda me consome
Meu sangue pinga no pão de cada de meus filhos
Hoje não irei mais para um matadouro
Mais serei emboscado
E sobre porões de tortura ser esquartejado
Não mais por militares
Mais por grandes monstros tiranos do capital
E meus filhos serão servidos como carne fresca para a fornalha que aquece o sistema
Ainda sou um pobre inútil
Mais tenho uma arma que não será retira
E será a solução para todos
A minha UTOPIA


Rodrigo Szymanski

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