terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Fidel Castro renuncia ao governo do país


Seja para ser louvado ou criticado, Fidel Castro Ruz nunca sai da mídia. Hoje (19), não poderia ser diferente. A carta de renuncia assinada pelo Comandante Chefe cubano, publicada pelo jornal oficial Granma, em Cuba, já alcançou as manchetes de imprensa do mundo todo.
Nela, o homem que comandou Cuba por quase 50 anos deixa claro que sua porção militante não termina junto com a renúncia ao cargo: "Não me despeço de vocês. Desejo só combater como um soldado das idéias. Seguirei escrevendo sob o título ‘Reflexões do companheiro Fidel’. Será uma arma a mais do arsenal com a qual se poderá contar. Talvez minha voz seja ouvida. Serei cuidadoso".
Nesse sentido, acrescentou: "O caminho sempre será difícil e requererá o esforço inteligente de todos. Desconfio dos caminhos aparentemente fáceis da apologética, ou da autoflagelação como antítese. Preparar-se sempre para a pior das variantes. Ser tão prudente no êxito como firmes na adversidade é um princípio que não pode esquecer-se. O adversário a derrotar é muito forte, mas o mantivemos distante durante meio século".
No próximo dia 24, os 614 deputados da Assembléia Nacional de Poder Popular - eleitos em janeiro último - escolherão o presidente, o vice-presidente e o conselho de estado cubanos. Fidel Castro foi um dos deputados eleitos. Embora ele não possa mais ser escolhido, preparou uma transição tranqüila, pois desde 31 de julho de 2006 é seu irmão Raúl Castro quem preside, interinamente, o país.
"Preocupei-me sempre, ao falar de minha saúde, evitar ilusões que no caso de um desenlace adverso, trariam notícias traumáticas a nosso povo em meio à batalha. Prepará-lo para minha ausência, psicológica e politicamente, era minha primeira obrigação depois de tantos anos de luta. Nunca deixei de destacar que se tratava de uma recuperação ‘não isenta de riscos’ ", acrescentou Castro.
Segundo Castro, manter-se no cargo, ou ser elegível para ele, trairia sua consciência, pois a função requer uma mobilidade e entrega total que sua condição física não oferece mais. "Meu dever fundamental não é aferrar-me a cargos, nem muito menos obstruir a passagem para pessoas mais jovens, mas sim transmitir experiências e idéias cujo modesto valor provêm da época excepcional que me possibilitou viver", disse Fidel na carta.
Em sua carta de renuncia, Fidel lembrou que a Constituição Socialista foi aprovada, pelos mais de 95% dos cidadãos com direito a votar em Cuba, por voto livre, direto e secreto. Assim, o agora ex-presidente cubano afirma ter sempre disposto das prerrogativas necessárias para levar adiante a obra revolucionária com o apoio da imensa maioria do povo.
Fidel Castro
Fidel Castro alcançou o poder em Cuba no início de 1959, quando liderou - juntamente com Che Guevara, Camilo Cienfuegos e outros revolucionários - um movimento libertário que tirou do poder o governo de Fulgêncio Batista.Sua permanência no poder por tantos anos, fez de Cuba um símbolo de resistência. Lidando com um embargo econômico, financeiro e comercial, iniciado na década de 60, a Ilha consegue obter índices positivos em educação, saúde e esportes.


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