sábado, 21 de junho de 2008

Trem de classes


É
Estou eu sentado na estação
Vejo em frente aos meus olhos crianças correndo
Jovens namorando, idosos contando histórias
Vejo um mundo que passa como um trem
Que não espera pelo passageiro que se atrasa
Ele vai sem espera
Vejo tudo passando em frente aos meus olhos
Vejo a alegria e a dor
A vida e a morte
A fé e a falta de crença
Vejo tudo passando
Cada um com seus sonhos mesquinhos ou suas utopias
Vejo que muitos desistem de pegar o trem
Vejo que o trem sempre passa lotado
Alguns (grande maioria) tentam entra e não pode
Os primeiros vagões são luxuosos e confortáveis, poucas pessoas neles
Entram e saem com segurança
Varias pessoas viajam no trem a serviço destes vagões
Outras já com não tanta “sorte”
Estão nos vagos do fundo
La são vagões sem conforto e com “pilhas de gente”
Vejo que os passageiros de trás não podem ocupar os vagões da frente
Esta seria a solução, repartir igualmente a quantia de passageiro por vagões
Seria uma viaje que todos iam ser felizes.
Nos vagões da frente os passageiros possuíam reservas de comida e bebidas para séculos
Os de trás pouca, alguns sem nada
As crianças de trás não brincavam nem estudavam, pois não possuem “inteligência” para isso
As da frente se tornavam doutores
E era La que aprendiam a sempre olharem os de trás como inferiores
Pois afinal estariam sempre na frente...
E eu sentado em um banco de madeira
Olhava tudo aquilo atenciosamente
Dia após dia
E assim o trem passava
Nada mudava
Alguns tentavam burlar a “lei natural”
Eram empurrados no primeiro abismo
E assim o tempo passa
Mais um dia fico abismado
Eu percebo que o trem só anda
Por que a fornalha esta atrás
O carvão é colocado pelos amontoados de gente
Aquelas pessoas possuíam a direção do trem em suas mãos
Mas...
Ainda não tinham se dado conta de quem dirigia a maquina...
Meus olhos se enchem de lagrimas quando vejo o trem
E agora sei que
Chegara o dia em que este povo não mais abastecerá as fornalhas do sistema
E o trem passa na estação...
Eu aceno alegremente
Agora com a certeza de que
“a utopia não acabou”

Rodrigo szymanski

3 comentários:

Anônimo disse...

Saudações, Rodrigo!

É, este trem, esta coisa ingrata. Exemplifica e clarifica demais a divisão. O trem é unilateral, anda sobre um trilho e tende a não sair dele, o que, no entanto, não quer dizer que não possa descarrilar. Mas, fora dessa possibilidade, ele não pára.
Pena que o trem é uma metáfora já bastante usada. Émile Zola escreveu um texto, uma crônica - que raio!, não lembro o nome do livro - em que descrevia um trem, e, embora não deixasse claro o tema da descrição, a dicotomia entre os vagões da frente e os de trás era grotesca. Esse aspecto faz chorar mesmo. E mais ainda ver a palavra competitividade como se fosse a indicação da salvação..., oras!, li sobre um cálculo que um grupo de economistas fez e que afirmava que todos os homens poderiam viver muito bem com só três horas diárias de trabalho. Ora, alimentos há de sobra. Como fazemos, no entanto, quebrar essa engrenagem torturante é uma dúvida que persegue...

Bem quanto aos outros textos, os dois seguintes, deixo a leitura com o autor, que é questão subjetiva.

O quarto vem na temática do primeiro.

Como sugestão de leitura: GERMINAL, de Émile Zola. Não sei se já lestes, mas é um autor do chamado realismo. Ele preferia viver a situação para relatá-la. É a história dos trabalhadores de uma mina do século XIX, divididos entre as esperanças socialistas, as possibilidades restritivas dos patrões, a disputa intelectual entre socialismo e anarquismo..., enfim, penso que é um livro de que vais gostar.

Inda inté!

ELLEN CAROLINE disse...

perfeitamente perfeito!!!!!!
vc eh um execelente mais de bom
escritor!!!!!!!!!!!
é a triste e pura realidade que vivemos, NA CERTEZA DE UMA MUDANÇA QUE SÓ DEPENDE DE NÓS, QUE SOMOS MAIORIA E CONTROLADORES DESSA CORRENTE E SUSTENTAÇAO DA CLASSE QUE DOMINA!!!!!
doluuu-te
bjux

Anônimo disse...

Lindo poema!!!!!! Lindo, lindo mesm!!!!! Principalment o final, os ultimos versos.. "E o trem passa na estação...
Eu aceno alegremente
Agora com a certeza de que
“a utopia não acabou”."
Adorei... jah salvei ateh no word, vai pra minha seleçao d poemas favorits. Bjs qrido e vou voltar sempre!